O chamado “Dia do Índio”, aqui mencionado propositalmente entre aspas, continua sendo um impasse para muitos educadores. Utilizamos as aspas pois a celebração do dia 19 de abril há muito não tem alcançado seu propósito de proporcionar a reflexão, a valorização e o respeito aos povos indígenas. Da mesma forma que a data pode trazer a oportunidade para o aprendizado lúdico sobre a diversidade indígena do nosso país, alguns educadores ainda seguem estagnados em práticas que apenas reproduzem estereótipos que não refletem a realidade dos povos indígenas na atualidade. As sociedades se atualizam e não há mais espaço para “brincar de índio”. As palavras de ordem agora são conhecimento e respeito.

No dia 25 de setembro de 2018, Daniel Munduruku participou da quinta edição do Educação 360, um encontro internacional que reúne pessoas que vivenciam e pensam a educação sob diferentes e novos pontos de vista e põem em prática iniciativas transformadoras, realizado no Rio de Janeiro (RJ).

Com o tema “O que não fazer no Dia do Índio“, Daniel não trouxe um passo-a-passo do que deveria ou não ser feito. Mais do que isso, propôs uma reflexão profunda aos educadores presentes sobre a necessidade de abordar a temática indígena não apenas por uma perspectiva histórica, mas compreendendo os indígenas como contemporâneos.

“É preciso atualizar o repertório dos educadores. Atualizar significa trazer pro presente, pro agora, pra este momento que nós estamos vivendo. Que o professor comece a pensar a temática indígena não como uma temática presa ao passado, mas que ele comece a olhar, a ver, de hoje pra trás. Aí ele vai entender o que é o ‘pra trás’… Mas olhando de hoje, olhando esses povos como seus contemporâneos” – Daniel Munduruku

A participação do público com perguntas e relatos pessoais gerou um debate frutífero ao final do evento. Para ouvir como foi este bate-papo, clique no player a seguir e deixe seu comentário:

 

Sugestão de leitura:

Mundurukando 2 – Daniel Munduruku

Em Mundurukando 2, Daniel Munduruku revisita a história do Brasil, contando como a nossa sociedade via e ainda vê os povos indígenas e o que aconteceu com eles desde a chegada dos portugueses no Brasil até os tempos atuais.

Além disso, ele, mais uma vez, brinda o leitor com a sabedoria indígena das histórias aprendidas em sua infância e de histórias que aconteceram com ele próprio. Fala de preconceito e extermínio, mas também conta histórias cheias de reflexões e poesia.

Esta conversa sobre vivências, piolhos e afetos também nos apresenta muitas dicas de filmes e livros que abordam os povos indígenas sob vários aspectos, proporcionando a ampliação de nossa visão e o conhecimento da cultura desses povos.